Keblinger

Keblinger

Prelúdio de partida por @gloriadioge

| quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Coração não bate
na repetição.
Existe alguém nesse lugar que ainda sinta?
O que ora ouço
é dissonoro com o meu canto
O grito é uma palavra que desespera?
os sinos da Igreja defronte badalam
éhoradeiréhoradeiréhoradeir

Tem quem repare nos famulentos que dormem em volta do lago?
A palavra perdeu a beleza
na cidade que espera
Cada coisa, mesmo sagrada, tem preço? 
Pouco importa os muros caiados
se cada um porta a máscara 

Você que me escuta abre mão de uma ilusão partida?

Saio vestida de arco-íris
e uma fortaleza de janelas abertas para o mundo
Quando os sinos anunciarem novas horas, mesmo distante, indagarei ao tempo

O amor sobrevive ao esquecimento?
Sobrevive?


Amém.

| segunda-feira, 20 de janeiro de 2014


Que o tempo restante de vida,
seja para mim concedido por graça e merecimento.
Que minhas fraquezas de ontem e hoje, 
não me ceguem a vontade de seguir esperança e água, 
pois que eu seja verdadeira nos meus afetos e tão bem, 
se houverem desentendimentos.

Que os anos que me conferem maturidade 
me ensinem a ter mais paciência e serenidade 
para lidar com (des)iguais, 
e, se ainda há tempo, 
que eu saiba aproveitar as estradas que vou percorrer 
em  todos os seus finais.

Nesta vida com passagem só de ida, 
eu quero bilhete duplo
com gelo, muito açúcar e por favor, 
doses generosas de amor 
...do jeito que for.


Imagem do Pinterest

Esperança

| domingo, 22 de dezembro de 2013





Lá dentro ocultava um brado.
Um clamor sufocado,
 silenciado,
buscando forças.
Precisava libertá-lo
...


Fazer chover as gotas
aprisionadas em seus olhos.
Aliviar a tensão
que a vida depositava
em seu corpo.
...

Transformar a dor, 
que carregava na alma,
em asas de borboletas
leves
flutuantes
...

Deixar a suave música 
ir de encontro à alma,
num recital de paz
harmonia
tranquilidade
...

A busca é infinita,
constante.
a lua é testemunha
e companheira
das noites incessantes.
....

Mas sonhos se insinuam.
Promessas de mudanças
no rumo do caminhar.
No brilho daquele olhar.
Sorriso que vai brotar.



Por Flávia Braun .... http://fbbraun.blogspot.com.br/


Linha Inusitada

| sábado, 23 de novembro de 2013

@simonebrichta

Foi no descompasso em verso.  
Eu inversa no voo rasante quase amanhecendo.

Havia atalhos nas voltas em reviravoltas

e giros em círculos nos espaços vazios,  
plainando na dimensão
que ninguém sabe o vento
que fecha as pestanas sangrando.

Cinza nos dias de chuva em labaredas
(grandes e extremos excessos)
faziam nuvens  no deserto de sal
na carapaça do ovo do óvulo
que ovula e  aflora lá fora,

oceano de si, encharcado: de distancias.

Mas em linhas inusitadas e verticais no horizonte
do imenso azul nos ritmos dos tambores
ventam e inventam tessituras no papel de seda
versa lírico no emergir do olhar,
que nas asas de uma árvore bateu forte, em folhas no céu.

Nas ondas do oceano, sanguíneo e efervescente.
Nos segredos, quando declamados? em releituras
bate sem travas
no tecer de um jardim
de terra úmida com folhagens.

Flores do Sertão @simonebrichta

| terça-feira, 15 de janeiro de 2013


Flores do Sertão

Respondeu que não. Que não sabe ler
e tão pouco escrever.

Nunca viu o mar? Não senhora,
 mas dizem que é açude grandão, sem paredes.

Sou sertanejo, não conheci escola
 só vejo o céu, sei ler estrelas nas luas cheias do sertão.

Os meus filhos fazem letras no papel,
 nem sei desenhar meu nome, mas toco repente e sei rimar.

Na escola, meus miúdos vão pra aprender a fazer conta.
Só se vive se sabe cobrar e pagar, dona. A vida aqui é peleja.

Minha idade, eu não tenho certeza,
sou homem maduro, tronco de terra firme.

Aquele retrato – não conheço,
mas gosto do sorriso. Viu o do finado, o anjinho, na parede?

Na cidade vejo o doutor, não me atrevo a puxar prosa,
sou modesto, venho atrás do remédio. Bom mesmo é xarope de raiz.

Quando o mal me acomete, chamo Maria Caipora.
É a benzedeira mais afamada do Vale.

Agora é meio-dia, fia.
 Sol a pino, boca seca e barriga vazia, hora da boia quente.

Volto pra lida, debaixo da fervura, tenho bocas,
meninos pequenos, são sete os meus.

Já é hora. Vou levar o cachorro outra vez,
 ontem mesmo, Fulô matou uma cobra.

E acredite, a mulher levou pra panela,
o cozido que é um manjar.

Segue o astro, com enxada no ombro,
em peito nu de pele fadigada.

E as rachaduras dos calcanhares,
marcam o chão de poeira na estrada.

Manjar Branco do Mar @simonebrichta

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Manjar Branco do Mar

Mar, maresia e mitologia esculpida na areia,
mar, de Janaína e sete ondas da sorte
mar, que leva a rainha africana Iemanjá
mãe, cujos filhos são peixes.

Conduz pequenos barcos de flores e velas,
mar, água de espuma salgada da praia,
Da La Virgen de la Regla e do orixá:
da sereia negra, deusa do oceano.

Mar, onde pessoas vestidas de branco
no segundo dia do mês de fevereiro:
dedicam festejo a divindade do oceano
levando as oferendas em procissão fluvial.

Prata, manjar, da padroeira dos náufragos
sincretismo ecumênico na orla marítima
na devoção dos pescadores...
Mar, voluntarioso músico e místico.
 
Customizado por Dulce Miller

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