Vivemos um mundo de tolos. Que se magoam. Que bem lá no fundo sabem que se importam. Porque precisam tomar conta um do outro.
Porque além do sonho, onde mora a dor do existir, há um mundo onde não se conhece ninguém. Onde o orgulho e a subida erguem-se num espaço sem igual; alto, mais alto, bem alto, quando precisávamos apenas o bem da vida, nos braços de um terno abraço.
Somos uns tolos. Rastejamos; trilhamos lágrimas amargas pelo outro que é feito de quimera e guarda o coração rasgado; almas que imploram um não sei quê, um não sei onde, uma só pergunta: por quê?
Despencamos gargalhadas e palavras soltas nos balcões da vida; soluçamos estremecidos numa taça de vinho. E brindamos. E vamos sozinhos na madrugada, de volta para algum lugar. No vão que inunda a rua inteira, na fumaça que enfeitiça e enlouquece a boca que não sabe de onde veio. E nem para onde vai!
Somos aborrecidos e cruéis em nosso riso, em nossa falsa confissão ao ouvido que julgamos ideal. E desprezamos e rimos e embriagados odiamos com toda a nossa alma, serena e calma.
Trágicos somos, nesta dor de existir, que não se esquece. Tortura de ter nascido, na doçura de alguns abraços, e perdê-los na mortalha solitária do caminho.
Somos tolos. Porque na sombra ou na luz, sozinhos ou na multidão, o que queremos é unir as nossas mãos, tocar o ombro do outro que pisa o simples da vida, e sabe dos tesouros humanos do humano Amor. Mas não o fazemos!
Somos pessoas altivas.
Estranhas.
Fortes!