Keblinger

Keblinger

amar curado by @denisonmendes

| domingo, 20 de março de 2011

ouço vozes ao longe
tanto tão distante de alguém
vem dançando ao vento
virando copos de sedentos olhares
as ruas pulsam a canção da madrugada
virar mundo, viração

a roda animada é roda-viva,
viva a rosa, o sopro dos ventos
eu vagamundo,
onda e tudo,
vou de cabeça a deus dará
quem me dera ainda andar!

vaga-lumes piscam nas avenidas
por todos os ângulos o instante partido
o instinto seco parido da fruta
o instável senso ébrio da dança das línguas
mastigam a fome já madura

e o desassossego de um cego
guia na névoa que vai...
retalhos
corpos sem abraços...
egos que voam...

ali terá a letra canção
no chão que se rabisca os passos
redemoinhos de versos
vastos e soltos
pois a palavra silêncio
carrega por dentro um grito

notívagos sem endereço
adereços nas esquinas
pulam poças, muros, atrevidos
amarfanhados sorrisos
uma grande treva sem dentes

mas o destino é nunca parar
porque amor de um
é só em si solidão
é na noite que me amanheço
desplugado das modas sociais
pois encantador enquanto é dor
meus traços


1 comentários:

{ Miguel } at: 21 de março de 2011 às 12:10 disse...

"as ruas pulsam a canção da madrugada", que arranjo de palavras, adorei. "É na noite que me amanheço", admiro demais quem possui o dom de conseguir palavras e frases com tanto sentimento. Amei teu blog, voltarei sempre, pena que meu espaço seja composto por crônicas substancialmente irreverentes, é o estilo que aprecio. Inté outras vezes.

 
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