Keblinger

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Ausência salgada, por @dullim

| sexta-feira, 15 de abril de 2011

Uma parte tua ficou comigo e me acorda toda madrugada.
Olho no espelho procurando onde terás permanecido. Estás sutil, no círculo castanho dos meus olhos.
Mas não apenas lá.

Tiro minhas roupas e te procuro. Onde estás?
Minhas mãos deslizam seguindo o teu rastro impresso no meu corpo.
Estás sob minha pele, secreto, oculto, íntimo.

Caminho na trilha onde ficaram tuas pegadas e quase percebo os ecos da tua voz e os murmúrios do tempo em que gravaste no meu ser os teus sinais. Abaixo da pele, onde os outros não vêem, perto o bastante para tirar meu sono e me guiar na busca.

Avanço em minhas próprias planícies, atravesso meus quilômetros seguindo tua pista, e então estás aqui. Te alcanço e toco o que, sendo parte tua, mora em mim.
Cansada e suada, finalmente entendo: a parte que ficou comigo foi tua ausência.

E tua ausência salgada vaza pelos meus olhos...

 [Du]

3 comentários:

{ Tatiana Kielberman } at: 15 de abril de 2011 às 16:53 disse...

E como dói essa ausência salgada, né linda?

Nem me fale!

PERFEITO!!!

Beijo carinhoso...

{ Weslley Almeida } at: 15 de abril de 2011 às 23:57 disse...

Degustei cada verso.
Belo... Belo... e Lânguido.
Poemas assim são mergulhos ao se ler. claro: saímos encharcados...
Abraço, poetisa...!

{ gloria } at: 18 de abril de 2011 às 07:04 disse...

Dú, essas palavras, escritos em carne-viva, revelam a natureza dissolvente da poeta. Sou eu ou o outro que desenha essas pistas no terreno acidentado do desejo? Sentir muito dilui. Onde estou que me vejo acolá? Você sabe disso. Tuas linhas nada buscam a não ser vazar sentimentos, vestidos de estilo e beleza.

bjs linda!

 
Customizado por Dulce Miller

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